A saúde é um bem precioso que devemos preservar desde cedo. Manter-se saudável hoje faz parte de um esforço que está se tornando cada vez mais presente na nossa sociedade. Para as crianças e adolescentes, essa preocupação é ainda mais importante, pois eles estão em fase de crescimento e desenvolvimento, com necessidades específicas que requerem acompanhamento especializado.

Durante os primeiros anos de vida, o crescimento é rápido — um verdadeiro desabrochar. Depois, esse ritmo se torna mais uniforme até a puberdade, quando ocorre uma nova fase de rápido crescimento, atingindo o padrão do adulto. Em cada uma dessas etapas, o ganho de peso pode acompanhar o crescimento de forma harmônica, ficar abaixo do esperado ou, infelizmente, ultrapassar os limites considerados normais. Quando esse último ocorre de forma excessiva, podemos falar em obesidade.

O que é Obesidade?
A obesidade é o acúmulo exagerado de gordura no corpo, resultando em peso muito superior ao estimado para a idade e altura da criança ou adolescente. Apesar de existirem definições mais técnicas, ela é facilmente reconhecida pelo aspecto visual. Hoje, trata-se de um problema de saúde pública, pois está relacionada a diversas doenças, como diabetes, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares, alterações ortopédicas e também questões psicológicas.

Segundo dados oficiais no Brasil, cerca de 30% da população infantil e juvenil já apresenta algum grau de obesidade.

O que causa a Obesidade?
As causas da obesidade podem ser internas, genéticas ou metabólicas, e pouco podemos modificar essas condições. No entanto, elas respondem por apenas 5% dos casos. A maior parte — cerca de 95% — está relacionada a fatores ambientais e estilo de vida, que são modificáveis e responsáveis por comportamentos diários que levam ao ganho de peso.

Entre esses fatores, destacam-se:

  • Fatores psicológicos, que podem levar a uma busca descontrolada por alimentos como forma de compensar emoções ou estresse.
  • Hábitos alimentares inadequados, desde os primeiros meses de vida, como consumo excessivo de alimentos calóricos, ricos em açúcares, gorduras, doces, refrigerantes, fast food, pães, massas e pizzas.
  • Sedentarismo, ou seja, a falta de atividade física regular, consequência de rotinas sedentárias e das limitações para brincadeiras ao ar livre devido à insegurança ou às mudanças no estilo de vida.

Quando a criança ingere mais calorias do que gasta, o excesso é armazenado na forma de gordura, geralmente em locais diversos do corpo, prejudicando a saúde e o bem-estar.

Por que a Obesidade é preocupante?
Além do impacto na aparência, a obesidade na infância e adolescência aumenta o risco de várias doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardíacos e ortopédicos, além de afetar a autoestima e o equilíbrio emocional. Assim, ela exige uma atenção especial de toda a família.

Prevenção é o Melhor Caminho
A prevenção começa na infância, envolvendo orientações e mudanças de hábitos que devem ser feitas de forma contínua e conjunta. Recomenda-se:

  • Alimentação equilibrada, com prioridade a alimentos naturais e menos processados.
  • Estímulo à prática regular de atividades físicas, ao ar livre, sempre que possível.
  • Evitar o uso excessivo de telas, como televisão, tablets, computadores e celulares, que reduzem as oportunidades de brincadeiras e atividades físicas.
  • Manter uma rotina de sono adequada, pois ela também impacta no peso e na saúde geral.

É importante alertar que dietas milagrosas e soluções rápidas não funcionam a longo prazo. Mudanças de hábitos exigem disciplina, paciência, constância e amor, especialmente para crianças e jovens que ainda não compreendem totalmente o que está em jogo.

Por fim, vale ressaltar que alimentos rotulados como Light, Diet ou com Edulcorantes artificiais devem ser consumidos com orientação profissional. O uso indiscriminado desses produtos pode acabar agravando o problema.

Ações de longo prazo e o acompanhamento de profissionais especializados são essenciais para garantir a saúde, o crescimento harmonioso e a qualidade de vida das nossas crianças e adolescentes.

A melhor estratégia é prevenir — e essa responsabilidade começa em nós, pais, familiares e profissionais de saúde.

Dr. Alberto Dabori é pediatra e diretor médico do Prevent – Centro de Vacinação Preventiva