Desde o século XIX, as vacinas têm sido uma das nossas ferramentas mais eficazes na prevenção de doenças. Com elas, muitas enfermidades que devastaram populações ao longo da história estão praticamente erradicadas ou controladas, como a varíola, que desapareceu globalmente há cerca de 30 anos.
No Brasil e em muitos outros países, o impacto das campanhas de imunização também é evidente. Graças a um programa vacinal forte nos últimos anos, conseguimos eliminar a poliomielite e reduzir significativamente casos de sarampo, além de controlar doenças graves como a meningite, a coqueluche e a hepatite B. Contudo, é fundamental manter esse compromisso e não interromper esses esforços.
Um pouco de história
Tudo começou há mais de 200 anos, numa época em que ainda não se conheciam vírus, bactérias ou os mecanismos de defesa do organismo. Naquele período, a varíola assolava populações inteiras, causando deformidades e mortes em massa.
O médico inglês Edward Jenner observou que as camponesas que trabalhavam com vacas, ao contrairem a varíola bovina, não desenvolviam a doença. Em 1796, ele recolheu secreções dessas feridas e inoculou em um garoto, que após alguns meses recebeu a infecção pelo vírus da varíola humana e não apresentou sintomas. Assim nasceu a primeira vacina contra a varíola, que contribuiu para que esse mal fosse erradicado no mundo — um verdadeiro marco na história da saúde pública.
Mais de um século depois, Louis Pasteur avançou ainda mais, identificando bactérias e criando vacinas para doenças como a raiva, a cólera, o tétano, a tuberculose, entre outras. Ele demonstrou que o mesmo micróbio que causa a doença pode ser utilizado de forma segura para imunizar o organismo, abrindo caminho para o desenvolvimento de vacinas altamente eficazes e seguras.
Vacinas modernas e a importância na atualidade
Hoje, contamos com vacinas que protegem contra dezenas de doenças: poliomielite, sarampo, rubéola, catapora, hepatites, HPV, entre tantas outras. Essas vacinas, produzidas com tecnologia avançada, são seguras, de efeitos colaterais minimizados e amplamente utilizadas ao redor do mundo.
Na pandemia de COVID-19, ficou evidente como a vacinação foi fundamental para conter o vírus, salvar vidas e permitir a retomada de atividades sociais e econômicas. Novas vacinas foram criadas em tempo recorde, usando plataformas tecnológicas inovadoras, como a de engenharia genética, e sua eficácia, segurança e impacto global reforçam a importância da imunização como estratégia de saúde pública.
A história da vacinação no Brasil
No começo do século XX, o Brasil enfrentou resistência às campanhas de imunização. Um exemplo marcante foi em 1904, com a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, implantada pelo sanitarista Osvaldo Cruz. A medida gerou protestos e tensões na população, que resultaram em mortes e conflitos.
Ao longo do tempo, o entendimento sobre a importância da vacinação cresceu, levando a leis que obrigaram a imunização, associando o certificado de vacinações a práticas cotidianas, como matrícula escolar, casamento e viagens — ações que salvaram incontáveis vidas.
Conclusão
A história das vacinas é uma história de conquistas e avanços na medicina, que ganhou força na proteção da saúde coletiva. Apesar das resistências ou questionamentos, a ciência não deixou dúvidas: a vacinação é a maior conquista da Medicina Preventiva, capaz de mudar destinos e salvar vidas. Hoje, sabemos que a vacinação é uma das ferramentas mais seguras e eficazes na prevenção de doenças e na manutenção de uma sociedade mais saudável.
Investir na vacinação é investir na sua saúde, na saúde da sua família e na proteção de toda a comunidade. A ciência comprovou que, com a imunização, podemos transformar o imaginável em realidade: um mundo livre de muitas doenças que um dia dizimaram populações inteiras.
A vacinação salvou e continuará salvando vidas. Por isso, ela deve ser vista como um benefício de toda a humanidade — uma verdadeira vitória da medicina e da ciência.
Dr. Alberto Dabori é pediatra e diretor médico do Prevent – Centro de Vacinação Preventiva